sábado, 23 de agosto de 2014

Desastroso inverno


Ela só se deu conta que o inverno ficaria mais frio quando não houve resposta, não surgirá mais verão, talvez seja a irregularidade do fuso horário na fronteira, mas o que lhe martelava a mente era se seria capaz de ignorar o que sempre teve relevância.

Ereta, observou a paisagem em movimento, equilibrando-se entre 1001 pessoas que cabem em um vagão cheio em horário de rush, ela transporta-se a outra dimensão com os fones nos ouvidos,  ciente da sua impotência.

Dizem que não há evolução sem sofrimento, ela chorou baixinho em sua cama por noites junto a tristeza que lhe assolava os sonhos e a despertava angustiada,  ansiava por uma zona de conforto, rezava arduamente para o mal estar passar.

A conclusão era simples, ela comprovou, ele que perambulava em seus pensamentos só vivia mesmo em seu mudo intrapessoal, sua aflição dilui, mas um temor a intimida. O que a mudança irá ocasionar? Ideia que sempre a rodeia.

Eu observo cautelosa o drama, amparo quanto necessário, intuito que ela se absorva em seu trabalho e entre as mazelas dos dias decorrentes, eu zelo por ela, somos ambas a mesma, chamam me de força interior.

As estações foram abolidas, o rítmico passar das horas possuem o mesmo compasso, não há cheiro de café pela manhã nem companhia a entreter-lhe, o que pega em mãos não tem pulsação, não há recordação de toques recíprocos e no decorrer do seu caminho o asfalto predomina.



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