Deparou-se com a imagem que refletia de
mim, ela, entre quatro paredes sentada na cama, elucidada pela luz do abajur no
ambiente crepúsculo, decidiu ocultar a lembrança que lhe afligia no periósteo
de seus ossos. Eu era seu cúmplice, o espelho não fala, melhor dos comparsas, só eu poderia enxergar em qual fossa ela despejou o que lhe desolava, lá se foi
toda a história para o esquecimento, junto com as razões para se manter distância.
Algum tempo depois...
Era o quinto papel que ela amarrotava e
brincava de cesta com a lixeira, talvez fosse o lápis mal acomodado em sua mão,
ou a superfície irregular que lhe servia como apoio, mas aposto que era a
turbulência de seus sentimentos. Os rabiscou agrupados tinham como objetivo
virar retrato de um rosto almejado, com finalidade de ser projetado pra fora
do papel, contanto que sentisse mais uma vez, a barba dele roçando em sua pele, que o calor de sua
saliva fosse reconhecido pelo seu paladar.
Com os olhos fechados sua mão
contornava o ar, uma constatação infeliz, seu desejo não era realidade, ele não
estava lá, amaldiçoou os átomos ineptos a percepção da intensidade de sua
vontade. Respirou fundo pra raiva passar, controlou seu gênio, abriu os olhos
úmidos. Nenhuma das idéias que lhe
vinham á mente era precisa, não se pôde voltar no tempo.
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