domingo, 13 de outubro de 2013

Na dimensão em que habito, alastro-me a velocidade espantosa que alguns me percebem inerte, trânsito por esfera atemporal,  existo no movimento vibratório das partículas do meio material no qual o som se propaga.
Brigitte sentava dia após dia entre quatro paredes sóbrias, o ponteiro alertava a cada hora e os dedos sobre as maquinas imperavam com seus ruídos. Os dois computadores em sua mesa ligados, lhe perturbavam como faróis altos na estrada escura.
Mesmo que não dependesse dela, na vida de Brigitte tudo era exagerado. Em dias estressantes alguns doces após o almoço lhe acalmavam, em outros, dias normais uma guloseima lhe bastava na semana.
Nada muito diferente dos profissionais que passavam pela empresa. E a moça circulava com cores cinza.
Por vezes ignorava as segundas-feiras, como greve, revolta, mas eram dias piores. Nas terças-feiras subseqüentes sua aparência era terrível, seus olhos lagrimejavam e bocejava constantemente.
Até que numa tarde de Setembro seu celular sinalizou mensagem. Intrigada, seus olhos leram o pedido, ouviu um barulho que não soube de onde vinha, tum tum tum, sentiu surgindo uma crise de pânico, quando pra sua surpresa, descobriu que tem um coração e foi ele que bateu, mesmo sozinha ela sorriu.
A intensidade do sentimento de Brigitte acentuou meu brilho, a freqüência do seu pensamento tornou-me azul e o momento se apropriou de mim e eu dele.


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